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Maior estudo sobre tratamento de COVID-19 com cloroquina é questionado por pesquisadores

  • Milena Paim de Bem
  • 1 de jun. de 2020
  • 2 min de leitura

Caixa de Hidroxicloroquina

A cloroquina e a hidroxicloroquina são medicamentos com indicação no tratamento da malária e doenças autoimunes, sendo suas atividades comprovadas nestes casos. Com a atual pandemia recorreu-se a estas moléculas para uma tentativa de tratamento da COVID-19, que em alguns casos ainda foram combinadas com antibióticos macrolídeos, como a azitromicina. Porém, atualmente, não há pesquisas clínicas que comprovem os benefícios, a segurança e os riscos dessa abordagem. Portanto no mês passado (maio de 2020) foi publicado na revista científica The Lancet o maior estudo analisando o uso de cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento de COVID-19.


Recolheram-se dados multinacionais sobre o uso desses medicamentos, em conjunto ou não com macrolídeos (14.888 pacientes), além do grupo controle (81.144) que não foi tratado com estes medicamentos, somando 96.032 pacientes em mais de 600 hospitais de todos os 6 continentes. Entre os pacientes que utilizaram cloroquina ou hidroxicloroquina, com ou sem os antibióticos, 11.1% (10.698) morreram ainda nos hospitais, quantidade bem acima do grupo controle (9.3%). O estudo também demonstrou que cada uma das abordagens medicamentosas estava associada ao aumento da frequência de arritmias ventriculares e que, além disso, não foram observados quaisquer benefícios quando utilizada no tratamento da COVID-19.


Na contramão dessa pesquisa o Ministério da Saúde divulgou novo protocolo de uso da cloroquina, onde passa a ser permitido para casos leves, moderados e graves de acordo com doses específicas e afirma que não há outro medicamento eficaz para o tratamento. O Ministério da Saúde afirma que esta atualização busca ampliar o acesso dos usuários do SUS à cloroquina e hidroxicloroquina, de forma que o médico passa a ter liberdade na prescrição destes. Além disso, foi divulgado junto ao protocolo o termo de ciência e consentimento sobre os riscos do medicamento que os pacientes devem assinar caso concordem com o tratamento proposto.


Alguns dias após a publicação do estudo citado no início, pesquisadores de diversos países se pronunciaram em relação às irregularidades apesentadas nele, como o tratamento dos dados, a falta de um comitê de ética, ausência de informações sobre os hospitais que forneceram tais dados e doses não usuais dos medicamentos.


Essas e outras falhas foram descritas em uma carta feita por mais de 120 profissionais, entre eles médicos e estatísticos, à The Lancet, onde também pedem à empresa de análise dos dados (Surgisphere) que divulgue e forneça-os para uma comissão independente da OMS ou outro organismo independente para nova análise e que a revista científica faça uma retratação. Porém até o momento só foi divulgado que haverá nova análise por instituição independente, mas sem alteração dos resultados.


Outros estudos clínicos sobre cloroquina e hidroxicloroquina sofrem atualmente para continuar, pois a OMS suspendeu o uso deste medicamento junto as pesquisas que a mesma patrocina. Há muitos estudos em andamento com a hidroxicloroquina, mas com esta repercussão deve-se reduzir o interesse e/ou investimento, além da possível queda de pacientes voluntários. Como já ocorre com o rendesivir, as instituições de pesquisa devem realizar estudos que apostem em outros medicamentos, garantido o uso de metodologias estabelecidas na comunidade científica.



Para acessar a pesquisa (The Lancet) clique aqui.

Para acessar a matéria (El País) sobre a carta dos estudiosos clique aqui.

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